Roda de Conversa realizada pelo Bem Diverso discute cooperativismo

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"Por que trabalhar em Cooperativa?" Essa é a pergunta que o Projeto Embrapa Bem Diverso (Embrapa/PNUD/GEF) quer responder a partir de uma série de conversas que começou no dia 08 deste mês de outubro. No primeiro encontro, a convidada para abordar o assunto foi a representante da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol Brasil), Anne Sena.

No início do bate-papo, o coordenador técnico do Bem Diverso e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Anderson Sevilha, deu as boas vindas aos participantes e falou sobre o trabalho do Bem Diverso  de conservação da biodiversidade e da promoção do seu uso sustentável no campo e nas agroindústrias.

“Queremos ter produtos que tenham qualidade ambiental, por isso pensamos também no processo produtivo. Buscamos isso dentro da linha de processamento das agroindústrias comunitárias, queremos agregar valor sanitário e nutricional a esses produtos e na comercialização, a gente busca a inserção dos beneficiários do Projeto dentro dos mercados”, explicou Anderson. Ele também pontuou que para fechar esse círculo de trabalho, o Bem Diverso também realiza a promoção ao acesso ao crédito e políticas públicas existentes no País.

Entretanto, o coordenador do Projeto Embrapa Bem Diverso explicou que no desenvolvimento desse trabalho, eles se deparam com algumas questões. “Hoje, esses agricultores, além de serem expert em conservação, manejo, restauração, processamento e na comercialização desses produtos, precisam também entender todos os aspectos legais que estão envolvidos por trás dessa questão e os que envolvem o trabalho de uma cooperativa”, explicou. “No entanto, tem uma questão fundamental que nunca foi discutida anteriormente junto a esses agricultores: O que é cooperativismo? Por que é melhor a gente trabalhar em grupo?”, questionou Anderson.

As respostas às perguntas foram sendo respondidas durante a apresentação da representante da Unisol Brasil. A convidada, Anne Sena, trabalha como a economia solidária, presidente da Unisol Bahia e faz parte da direção nacional da Unisol Brasil. Durante sua fala, ela levou os participantes a entenderem melhor a importância de trabalhar em conjunto e pensar um movimento de desenvolvimento econômico mais igualitário e mais cooperativo.

Anne Sena explicou que escolheu como diretriz trabalhar no cooperativismo por que o entende como uma política de organização da base dos trabalhadores, onde o trabalhador não é só força de trabalho, mas é também o gestor dessa organização produtiva, garantindo assim, um modelo de desenvolvimento mais igualitário. “Quando eu trago trabalhador para discutir uma cooperativa, estou trazendo ele para discutir não só a sua execução produtiva, mas também a gestão da sua vida”, explicou.

 Segundo ela, a primeira coisa que diferencia o cooperativismo de qualquer outro tipo de organização do movimento, é que o debate entre o trabalho e o capital é discutido paralelamente. “Sabemos que muito dos modelos de organização de trabalho não permitem que as pessoas tenham autonomia. Por isso, as cooperativas vêm nessa perspectiva de gerar autonomia aos trabalhadores”, frisou a  representante da Unisol Brasil.

 Anne pontuou que no cooperativismo é importante não olhar apenas para a organização da produção, mas pensar em formas de como os municípios podem olhar esses lugares como fornecedores e estimular que as pessoas passem a consumir os produtos entendendo que as cooperativas têm outras preocupações que às vezes as grandes empresas não têm, como a valorização do trabalho e da dignidade das pessoas, a sustentabilidade, o cuidado com o meio ambiente, a inserção das mulheres, a organização da juventude e as questões geracionais, pois valorizam os idosos que contribuem com seus saberes tradicionais.

 E alertou que muitas vezes as pessoas começam às cooperativas sem saber exatamente o que é. “O desemprego faz com que a gente ache que aquele modelo que pode dar alternativa ao trabalho e vamos correndo para as cooperativas para produzir e vender, mas esquecemos que a cooperativa nasceu com outros fundamentos, nasceu também na perspectiva de trazer pessoas para essa estrutura e de garantir lutas de resistência”, explicou.

 No encontro que durou cerca de uma hora e meia, Anne Sena respondeu às perguntas dos participantes sobre economia criativa, e trocou histórias de experiências que viveu durante esses anos de trabalho no movimento de cooperativismo.

 A Roda de Conversa foi o primeiro encontro de uma série de outros que serão realizados para abordar esses assuntos. Participaram mais de 50 empreendimentos cooperativos dos territórios onde o Bem Diverso atua. Dentre eles, a Central da Caatinga, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Uauá, Canudos e Curaçá (Coopercuc) e a cooperativa Grande Sertão. Iniciativas apoiadas pelo Projeto Bem Diverso que promovem a diversidade de produtos da agricultura familiar e da agrobiodiversidade brasileira, incentivando a  inserção da comunidade local no trabalho de processamento da produção e gerando renda.

 

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